Ok. Eu sei que esse post não terá nada a ver com o que posto aqui no meu blog. Mas me apaixonei muito por essa obra renascentista, e queria compartilhar um pouco do que trabalhei na faculdade para postar aqui para vocês, já que recebi a nota (que por sinal me surpreendeu, foi muito boa!). Espero que gostem, e para quem ama arte, se divirta na minha análise já atualizada.
FICHA TÉCNICA
Nome: O Nascimento de Vênus
Autor: Sandro Botticelli
Dimensões 1,72m x 2,78m
Localização: Galeria dos Ofícios, Galleria Degli Uffizi - Florença, Itália
Pintura sobre tela: têmpera
Ano: 1483-1486 d. C.
“O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli mostra a deusa Vênus, da mitologia romana que representa amor e beleza, - equivalente a Afrodite, deusa do amor na mitologia grega -, surgindo de uma grande concha no centro do mar. Nua, tem sua mão cobrindo o seio esquerdo, seu cabelo ruivo preso comprido cobre a região pubiana, pelo lado direito.
Em um abraço, Zéfiro aparece com a ninfa Clóris, - Flora para os romanos -, à esquerda representando o vento Oeste e as flores assoprando em direção a deusa. À direita há uma Hora, que corresponde a uma das quatro deusas das estações, no caso a primavera, entregando-lhe um manto florido bordado, flutuando por sobre a beira do mar.
A paisagem é uma praia no período do dia, com árvores à direita, contornadas por fios de ouro, dando ar de riqueza e plantações à esquerda.
A Pedra de Afrodite (Vênus), na Grécia, onde se acredita que a deusa nasceu.
Características de outras artes destacam-se, como o período paleolítico com a valorização de movimento e o neolítico com a arte egípcia, o espiritual com a deusa e a natureza, clareza, equilíbrio, harmonia e crenças, por estar ligada à religião católica e seu espiritismo interior. A organização racional do espaço e a perspectiva foram calculadas por linhas de orientação, os seres estão presentes sem passar da tela, com tamanhos e formas definidas, intercalando em rostos de perfil e frontal.
É possível analisar detalhes do período grego helenístico nas fotos:
Vênus de Médicis (século I d.C.) e Vênus Capitolina (século II - III d. C.), inspiradas por Botticelli. Observa-se uma característica egípcia, a forma de como um pé está à frente do outro, descolado do chão, como se fosse à ponta do pé. Os gregos aperfeiçoaram esse detalhe porque na arte egípcia o pé ainda era no chão.
O escorço como nas obras gregas, realçam o detalhe dos dedos, os traços da boca, as folhas das árvores, e adornos excessivos.
Sua anatomia se refere à arte romana e ao realismo, as obras devem ser feitas a partir de como as pessoas são. Observa-se Zéfiro e a deusa com o corpo mais arredondado. Porém, não é um realismo clássico, pois o artista acaba desenhando o pescoço da figura Vênus bem mais longo e seu ombro tem uma repressão irregular, revelando uma habilidade de formas estereotipadas egípcias.
A ilusão de realidade é presente por ser uma obra naturalista. A procura da beleza é Vênus, como a verdadeira mulher, transmitindo seu poder e divindade e assim, Flora e Hora, veneram-na. A beleza na representação do corpo retorna a anatomia, quanto mais próximo do real, mais belo.
A arte não utilitária era comum na Renascença, já funções naturalista e formalista aparecem. Na função naturalista, preocupa-se na representação da obra, sendo assim, predominante pelo efeito de proximidade do real, com detalhes. Já a formalista, é uma organização interna da obra, preocupada com a mensagem a ser transmitida pelos elementos.
O Renascimento se baseia em teorias e ensinamentos, como os egípcios. A arte ainda não passa de uma representação do sagrado, já que Vênus é a figura central. E o artista, carrega o ideal de sobrenatural e eterno.
A obra representa a mudança de visão do artista. Acredita-se que o tema cristão traz o batismo de Jesus Cristo, com a água e a concha. Na antiguidade clássica, a concha significava o órgão genital da mulher, possuindo tema laico e mitológico.
Rosas com espinhos representam que o amor deixa feridas. A nudez da deusa é vista com paixão espiritual e pura.
Cores como azul e verde trazem luminosidade, leveza e serenidade realçando os tons de rosa.
As figuras mitológicas Zéfiro e Clóris são a energia do amor e Hora flutuando, apresenta leveza, ambas o significado da deusa.
Aparentemente a obra foi feita em homenagem a Simonetta Vespúcio, um amor não correspondido, assim o trabalho do artista significaria o nascimento do amor e da beleza espiritual.
Referências Bibliográficas:
Arnold
Hauser – História Social da Literatura e da Arte, TOMO I, 1972
pp.
151, 434, 438 – 439
Bonechi
Edizioni – Roma Y El Vaticano, Florencia, Venecia, 1990
pp.
80,81
Eu adorei o post. Adoro arte, adoro mitologia. Acredito que todas as informações só aumenta mais o desejo de mergulhar nesse universo fascinante.
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